Tudo sobre o cruzeiro por Milford Sound, na Nova Zelândia

Fazer um cruzeiro por Milford Sound é a melhor forma de se sentir dentro de um cenário de um filme

Publicado em 27/06/2018 por Tati Sisti

Viajar pela Nova Zelândia é como viajar por vários cenários de filmes. As paisagens de cada canto do país impressionam, já que na NZ a natureza é preservada e praticamente intocada.

Depois de uma roadtrip saindo do norte do país até o sul, nosso último destino foi Milford Sound. O local foi pouco explorado até o século 20 e fica “escondido” por uma cadeia de montanhas em um dos lugares mais remotos do país. Para chegar lá de carro é necessário pegar uma das estradas mais lindas da Nova Zelândia. Milford Sound foi descrito por Rudyard Kipling, autor e poeta britânico, como a “oitava maravilha do mundo”.

Prepare-se para se desconectar. Por lá não tem wi-fi e tampouco sinal de celular. É um momento para entrar de corpo e alma na imensidão dos fiordes mais imponentes e famosos da Nova Zelândia. Os fiordes de Milford Sound são formações geográficas milenárias criadas pela ação dos glaciares, com aproximadamente 17.5 km de distância percorrida de uma ponta a outra. Não é à toa que o local recebe mais de um milhão de visitantes por ano!

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

SERVIÇO
Fiordland Discovery
Site: www.fiordlanddiscovery.co.nz
Instagram: @fiordlanddiscovery
Endereço: Berth 5, Milford Wharf, 1 Milford Sound Highway, Milford Sound 9679
Telefone: +64 3 441 3322 / 0800 100 105
E-mail: hello@fiordlanddiscovery.co.nz
Facebook: Fiordland Discovery

Milford Sound tem seu ponto culminante no Pico Mitre, um dos terrenos mais altos do mundo, que sai diretamente do oceano e fica dentro do Fiordland National Park, dividindo espaço com mais 14 fiordes diferentes, totalizando 15. Milford Sound é o único fiorde da Nova Zelândia com acesso por estrada e ocupa menos de 2% da área total do parque nacional dos fiordes neozelandeses. A área completa do parque, considerado o maior da Nova Zelândia, totaliza  12.500 km² e é declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Há uma lenda da mitologia Maori conhecida como Tu-te-raki-whanoa, que diz que os fiordes do parque foram esculpidos por um deus com uma espécie de enxada (Te Hamo). O deus Tu-te-raki-whanoa teria começado os trabalhos pelo sul, criando um litoral recortado e cheio de ilhas e, depois de muita prática, criou a obra-prima mais preciosa, o Piopiotahi (Milford Sound em Maori).

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

| O cruzeiro

Diversas empresas fazem cruzeiro pelos fiordes, mas poucas têm permissão de pernoitar lá. A Fiordland Discovery é uma delas. Consegue imaginar a sensação de estar em um braço do mar da Tasmânia e no meio dessas formações gigantescas? Pois bem: dormimos exatamente no lugar onde foram gravados alguns filmes como “Senhor dos Anéis”, “X-Men Origins: Wolverine” e “Jurassic Park: The Lost World”.

Chegamos ao pequeno porto de Milford Sound por volta das 13h. Como íamos passar a noite na região, tivemos que procurar um dos poucos estacionamentos que permitem que os carros virem a madrugada (tem várias vagas e é de graça).
Fizemos check-in no ponto de encontro da empresa, deixamos nossa pequena mala e ficamos admirando a beleza do local diretamente do pier com visual para o começo dos fiordes.

Às 15h30 embarcamos no barco da Fiordland Discovery, nos acomodamos na nossa cabine privativa e esperamos o passeio começar. Fomos recebidos com uma tábua de queijos e outras delícias, além de chocolate quente e chá para aquela tarde fria e chuvosa.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

O cruzeiro com a Fiordland Discovery dura 18 horas, começa às 16h30 e termina às 9h30 do dia seguinte. O passeio se inicia em Milford, vai até o mar da Tasmânia, atraca em uma encosta dos fiordes, onde passa a noite. No dia seguinte, volta até o mar da Tasmânia para então voltar ao porto inicial, em Milford.

Durante o caminho, além das lindas cachoeiras, é possível ver focas e pinguins e, se você estiver com sorte, até golfinhos! Observamos de pertinho algumas cachoeiras volumosas como a Lady Bowen Falls, a Stirling Falls e a Bridal Veil Falls.

Roteiro Milford Sounda (Arte: Milford Sound)

Como o barco navega até a área de mar aberto, passamos por várias falésias impressionantes que surgem das águas verdes e cristalinas. Algumas de suas montanhas chegam a ultrapassar mil metros. Apesar da chuva e do mar da Tasmânia ser famoso por sua cor escura – devido à grande quantidade de cachoeiras, a água doce (que é menos densa) forma uma camada em cima da água salgada, deixando a água salgada mais protegida do sol e mais gelada -, o verde ganhou tons esmeralda para a nossa surpresa.

Depois da primeira volta, no primeiro dia, fizemos uma pausa para uma volta de kayak ou um passeio de bote mtorizado (também conhecido como zodiak) em que é possível chegar ainda mais perto dos paredões e curtir a paz e calmaria do lugar. Nenhuma das duas opções vão te molhar (a não ser que você seja um pouco atrapalhado para entrar e sair do kayak, como aconteceu com alguns dos nossos colegas do passeio, rs). Então, mesmo quando estiver frio, vale a pena esse passeio extra.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

Quando a noite caiu, fomos para a cabine, nos aquecemos em um banho quentinho e voltamos para a área em comum do barco onde o jantar seria servido. Para aquela noite, o chef preparou lagosta de entrada, Blue Cod (peixe típico da região) com lentilha, batatas e bacon e um brownie com sorvete de sobremesa. Café, chá, chocolate quente e água à vontade estão inclusos.

As bebidas alcoolicas são cobradas à parte, mas o capitão nos ofereceu como cortesia um delicioso vinho branco. Tudo isso com os fiordes do lado de fora, o barulho da natureza e a companhia de visitantes tão deslumbrados com aquela natureza quanto nós. Não poderia ter sido melhor.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

Depois do jantar os passageiros se reuniram para conversar na mesma área, jogar cartas e – os mais corajosos – entraram na hidromassagem que fica na popa do barco. A água é quentinha, mas e para entrar e sair de lá com 2 graus negativos? Preferimos ficar no quentinho do barco mesmo.

Após o jantar o capitão também exibe no projetor vários vídeos que os tripulantes fizeram com uma câmera potente e subaquática: além dela ser usada como uma segurança a mais para os visitantes que querem mergulhar, capta imagens impressionantes da vida dentro do mar.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

| O barco

A empresa existe há décadas e já está em sua terceira geração. O barco do nosso cruzeiro, também conhecido como Fiordland Jewel, é um luxuoso catamarã de 5 etrelas, 24 metros de comprimento, 3 decks, heliponto e acomoda 20 passageiros (além da tripulação) por noite. O barco é totalmente climatizado e aquecido.

Milford Sound (Foto: Fiordland Discovery)

A tecnologia de ponta da Jewel faz com que ele seja o primeiro ROV de Fiordland (veículo com operação remota), oferecendo a melhor experiência de viajar aos Fiordes e ver o mundo sob as ondas, sem precisar sair do salão do barco. A câmera de alta resolução permite ver a vida marinha em tempo real.

O barco tem 9 cabines de luxo, todas com banheiro próprio, e que acomodam de 1 até 4 pessoas. A maior suíte fica no alto da embarcação e oferece uma vista deslumbrante da janela.

Ficamos hospedados em uma cabine com duas camas de solteiro e foi uma experiência incrível. Além do cenário da janela que muda constantemente durante o passeio, o quarto é confortável, tem chuveiro separado do banheiro, calefação, amenidades e até secador de cabelo. Como a maioria das cabines de barco, a nossa não era muito grande, mas deu para nos acomodarmos perfeitamente.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

A área comum do barco tem sofás, mesas pare refeições, televisão, livros, a cozinha e, claro, a cabine do comandante. É tudo aberto e todos os passageiros podem caminhar por todas as áreas, o que facilita a interação para o cruzeiro que, apesar de luxuoso, não deixa de ser íntimo e acolhedor.

| Preço

O barco tem 4 tipos de cabine:
Governor’s Cabin: apenas uma cabine disponível, localizada no topo do barco. Ela tem uma cama super-king e abriga até duas pessoas. (Preço: NZ$ 1998).

Captain Cook Cabins: o barco tem 4 dessas cabines, cada uma com uma cama king-size e abriga até duas pessoas. (Preço: NZ$ 1398).

Endeavour Cabins: são duas cabines disponíveis, cada uma com duas camas de solteiro. (Preço: NZ$ 1398).

Resolution Cabins: são duas cabines disponíveis, cada uma com duas beliches. (Preço: NZ$ 499).

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

| Melhor época para visitar

Nós visitamos Milford Sound em um dia com céu bem fechado e chuva. Mas segundo a tripulação, o passeio fica até mais bonito, já que as cachoeiras no meio dos fiordes ficam com um volume de água muito maior.

O visual também é deslumbrante em dias de sol e céu aberto, então não há um dia específico para fazer esse passeio. Mas lembre-se: a região é considerada uma das áreas de maior atividade pluvial do mundo, por isso tenha certeza de que a chance de estar chovendo ou nublado é grande. Concluindo, faça o cruzeiro não importa como esteja a previsão do tempo.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

| Como chegar

Saindo de Queenstown são aproximadamente 3h45 horas de carro, aproximadamente 280 km. Mas como esta é uma das estradas mais lidas da Nova Zelândia, reserve mais tempo para fazer o percurso. Além do visual, tem alguns pontos que valem a parada para visita, como o The Chasm, uma formação geológica estilo cânion cortada por um rio que passa pelo fundo, e, claro, a cidade Te Anau.

Como chegar em Milford Sound (Arte: Milford Sound)

Te Anau é uma cidadezinha de 2 mil habitantes e perfeita para quem quer dar uma pausa após a longa viagem de volta e almoçar. São várias opções de restaurantes por lá, além de lojinhas para comprar lembrancinhas – com preços bem salgadinhos, rs! O Lake Te Anau também vai cruzar o seu caminho. Ele é o maior lago da ilha sul. Outra opção é ficar hospedado em Te Anau pelo menos uma noite e sair no dia seguinte para Milford Sound. São aproximadamente 120 km, duas horas de estrada.

Na ida de Queenstown para Milford Sound não fizemos paradas. Todas as nossas pausas para tirar fotos na estrada, visitar os pontos de turismo e conhecer Te Anau foram feitas na volta. Leia aqui nosso roteiro completo da ilha sul da Nova Zelândia.

Vale lembrar que parte da estrada precisa de atenção redobrada do motorista, já que principalmente em dias de chuva as áreas de desabamento ficam mais instáveis. Perto de Milford Sound tem um túnel de 1km de extensão com um semáforo que permite que apenas uma das mãos de carro circule por lá a cada intervalo. Se você chegar e o sinal estiver vermelho, provavelmente terá que esperar cerca de 10 minutos antes de conseguir seguir viagem.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

A segunda opção é ir para lá voando, de helicóptero ou avião pequeno. Este era nosso plano A, mas as condições climáticas não ajudaram muito, infelizmente. Dizem que o visual de Milford Sound do alto é maravilhoso. E nós acreditamos, rs! A maioria dos voos sai do aeroporto de Queenstown e algumas empresas que fazem esse serviço são a Milford Flights e a Glenorchy Air. O valor não é dos mais baratos, cerca de NZ$ 300.

A terceira opção é ir de ônibus. Se prepare para fazer uma viagem mais longa que o usual, já que o ônibus faz algumas paradas (a parte ruim é que não são paradas exatamente nos lugares que você gostaria que fosse). Algumas empresas como a InterCity fazem esse trajeto e oferecem diversos pacotes. O valor de ida parte de NZ$ 88. É importante comprar a passagem com antecedência.

| O que levar

Você vai ficar uma noite no barco, 18 horas no total. Leve uma troca de roupa, roupa de banho e biquíni. Se você for no inverno, capriche nos casacos porque apesar de ventar muito, é irresistível querer ficar do lado de fora do barco para observar a pasaigem e tirar fotografias. A roupa de banho é para a jacuzzi e também para o passeio de kayak nos dias mais quentes. No inverno, aposte em uma roupa impermeável. Isso vai ajudar a cortar um pouco do frio.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

| Dica extra

A região tem muito mosquitos conhecidos como sandflies. São similares aos borrachudos e deixam calombos doloridos na pele (experiência própria). Por isso, recomendamos que leve um repelente contra insetos.

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

Milford Sound (Foto: Tati Sisti)

Veja mais fotos na galeria abaixo:

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  1. Yaskara says:

    Gostei muito das dicas. Como estou apaixonada pela visita a Nova Zelândia, acho que este passeio fechará minha viagem com chave de ouro.
    Grata
    Yáskara Sotero Veado

    • Tati Sisti says:

      Que bom que gostou! Com certeza sua viagem vai ficar ainda mais especial. Esse passeio é memorável!

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