Faroe Islands: Tudo que você precisa saber antes de ir

Faroe Islands parecem um lugar intocado, com um povo que vive em um conto de um livro antigo, imersos em um cenário paradisíaco e rodeado por lendas

Publicado em 27/07/2020 por Tati Sisti

Um dos lugares mais fascinantes que já visitamos tem nome e sobrenome: Faroe Islands (ou Ilhas Faroé). Parece um lugar intocado, com um povo que vive em um conto de um livro antigo, imersos em um cenário paradisíaco e rodeado por lendas.

Uma das lendas mais famosas é dos “Huldufólk”. Segundo os locais, “Huldufólk” é uma espécie mítica de super-humanos com cabelos escuros e roupas acinzentadas que vivem dentro das pedras e colinas e, quando a neblina aparece, empurram aqueles que caminham sozinhos pelos penhascos.

O conjunto de ilhas vulcânicas remotas muito preservadas é peculiar, bucólico, cheio de boas histórias. A combinação de rochas de basaltos gigantes, com cachoeiras, falésias, praias gélidas, vegetação rasteira, ovelhas e casinhas típicas transformam Faroe Islands em um destino dos sonhos e perfeito para amantes de natureza. Além disso, não é uma surpresa saber da ascendência viking da sua população.

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Faroe Islands faz sucesso nas redes sociais principalmente por conta do Trælanípa, lago Sørvágsvatn que cria uma ilusão de ótica e parece estar sobe o mar, em um penhasco. Ele é considerado o principal cartão-postal das ilhas.

Trælanípa, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Trælanípa, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Segundo a definição do Lonely Planet, “esta quase-nação é capaz de surpreender e encantar até mesmo o viajante mais cético”. Faroe Islands também já foram classificadas pela National Geographic, em 2007, como as ilhas mais interessantes do mundo, após uma pesquisa que abordava 111 ilhas espalhadas pelo planeta. Devemos concordar. Faroe Islands é o lugar perfeito para contemplar, sentir cheiros, o barulho de silêncio e a brisa do mar e das montanhas.

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No mapa, Faroe Islands ocupa um espaço muito pequeno. Mesmo assim, é uma grandiosidade para os poucos 50 mil habitantes extremamente educados e receptivos, que dividem espaço com ovelhas. Sim, tem mais ovelhas do que pessoas por lá (aproximadamente 2 ovelhas por pessoa).

Há quem diga que Faroe Islands significa “ilha das ovelhas”, mas isso nunca foi confirmado. Alguns defendem “ilhas das velhas” ou “ilhas dos navegantes” como significado.

Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

E no meio de tanta beleza natural, a menor das preocupações dos habitantes e de quem está de passagem é trancar a porta de casa. Em Faroe Islands a violência passa longe. Turistas? Quase não se vê. As ilhas recebem cerca de 20 mil visitantes por ano, número muito pequeno se comparado a outros lugares mais famosos pelo mundo.

O conjunto de ilhas é um potencial destino turístico, mas a principal economia de Faroe Islands é a pesca, fonte do comércio de exportação. Isso, inclusive, desenvolveu uma triste tradição de caça às baleias-piloto e golfinhos, também conhecida como “Grindadráp”. O ato, que pinta o mar de vermelho, acontece durante os verões e, segundo a tradição, serve para reforçar laços comunais.

A caça aconteceu enquanto estávamos lá, mas, por sermos contra essa ação, optamos por não assistir (eu sou muito sensível para essas coisas, principalmente quando se trata do meu animal favorito no mundo). Questionamos alguns locais e eles reforçaram que tudo (carne e gordura) é reaproveitado e repartido entre os locais.

Além de todo encanto natural que cerca as ilhas, é curioso ver como os faroenses vivem a vida de forma um tanto quanto old-school, quase nada impactados pelo capitalismo e com tradições peculiares, como, por exemplo, o esporte nacional que ainda se mantém a corrida de barcos.  A pesca, claro, é uma paixão nacional. Brasileiros acostumados com futebol ficam encantados com os pitorescos campos de futebol que “topamos” em Faroe Islands.

Campo de futebol em Eiði, Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Campo de futebol em Eiði, Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

|Onde fica e como chegar

O pitoresco arquipélago fica na Europa, no Atlântico Norte, entre a Islândia e a Escócia, a 575 quilômetros da parte continental da Noruega. É um território autônomo da Dinamarca, mas que já foi dos Ingleses e também da Noruega. Essas ilhas isoladas são habitadas desde o século VIII.

Faroe Islands é formado por 18 ilhas, nem todas habitadas, e com muitos túneis debaixo do mar interligando essas ilhas. A capital Tórshavn, com aproximadamente 15 mil habitantes, é considerada uma das menores capitais do mundo. Apesar de ser a cidade principal do país, ela mantém todas as características da região, ainda com ruas estreitas, casinhas charmosas, comércio local e sem prédios.

Nenhum lugar nas 18 ilhas que compõem o arquipélago está a mais de 5 km do mar. Já o ponto mais alto do arquipélago tem 882 metros e está situado na Ilha Eysturoy.

Capital de Faroe Islands, Tórshavn (Foto: Trip To Follow)

Capital de Faroe Islands, Tórshavn (Foto: Trip To Follow)

Não existem voos diretos do Brasil para Faroe Islands e apenas 4 voos pousam por lá por dia, das companhias Atlantic Airways e Scandinavian Airlines. Há 2 opções mais convidativas: ir até Compenhague, na Dinamarca, ou ir até Reykjavik, na Islândia, e partir para lá. Entre as outras opções estão Paris, Endiburgo e Bergen. Durante o verão também é possível voar de Barcelona, Ilhas Canárias, Mallorca, Creta e Malta.

Nós optamos por combinar Islândia e Faroe Islands na mesma viagem. Combo perfeito, já que Islândia é um dos nossos países preferidos. Os voos direto saindo e voltando para Reykjavik só acontecem de segunda, quarta e sexta e duram apenas uma hora. Por iss é importante fazer um roteiro bem elaborado considerando essas datas.

Faroe Islands tem apenas um aeroporto, no trecho sul da ilha Válgar, vizinha de Streymoy, que abriga a capital do país.

Quando programar sua viagem, lembre-se que as condições climáticas podem cancelar voos e fazer com que você perca um ou dois dias de viagem.

Pelas estradas de Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Pelas estradas de Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

|Visto

Faroe Islands não pertecem à União Europeia e também não são signatárias do Tratado de Schengen. Mesmo assim, brasileiros não precisam de visto para adentrar às ilhas. Apenas necessitam apresentar o passaporte válido por, pelo menos, 6 meses.

|Moeda

A moeda oficial de Faroe Islands é a coroa faroesa, que tem o mesmo valor que a coroa dinamarquesa. Como a coroa faroesa só tem notas, as moedas recebidas por lá são as dinamarquesas.  Ambas são aceitas em Faroe Islands. Euro e dólar raramente são aceitos.

R$ 1 = DKK 1.60 (câmbio do dia 30/01/2020)

|Idioma

Faroe Islands tem uma língua própria, a faroesa, falada em toda extensão territorial das ilhas. O idioma é muito semelhante ao norueguês antigo e ao islandês, na forma escrita e na fala.

Mas a língua oficial do país é o dinamarquês. Tanto uma quanto a outra, claro, é praticamente impossível de entender para nós e para a maioria dos turistas. Mas não se preocupe, muitos locais também falam inglês (mesmo que com sotaque bem arrastado).

Cachoeira Mulafossur, no vilarejo Gasadalur, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Cachoeira Mulafossur, no vilarejo Gasadalur, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

|Fuso horário

Faroe Islands está 3 horas à frente do horário de Brasília.

|Religião

Os faroenses são bastante religiosos e, em sua maioria, professa a crença cristã. A maioria segue o luteranismo, mas existem outras denominações protestantes e até mesmo católicas.

Não é por acaso que vemos muitas igrejinhas pelo caminho durante uma viagem por Faroe Islands. Não importa o tamanho do vilarejo, sempre terá uma.

Um bom exemplo é o vilarejo de Saksun, que até 2017 tinha apenas 8 moradores fixos. Por lá fica a solitária igrejunha de Saksun, situada entre montanhas, o rio e cachoeiras.

Uma das aldeias com igreja em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Uma das aldeias com igreja em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

|Clima e quando ir

Independentemente da época que você escolher viajar para Faroe Islands, vá preparado, já que faz frio o ano todo e o clima é bastante inconstante. Como as ilhas estão perto do Círculo Polar Ártico, os dias são longos no verão e curtos no inverno (cerce de 4 horas com luz solar).

A chuva aparece o ano todo, mas ganha mais volume na época mais fria. Se quiser evitar, opte para viajar entre junho e agosto, que é a época do verão e, consequentemente, a mais seca.

Para vocês terem uma ideia de como os dias são frios por lá, a temperatura média máxima no verão é de 13 graus, e a mínima no inverno é de 1 grau. A temperatura média anual das é de 6,7º. Apesar do frio não ser tão extremo como em outros países nórdicos, também neva em Faroe Islands. A combinação de baixa temperatura com vento judia.

A fog (nevoeiro) também é uma constante, mas eu acho que ela dá um ar ainda mais encantador ao local. Apesar disso, entre julho e agosto, ela pode ser mais densa.

Gjógv, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Gjógv, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Como o frio nunca vai embora, moradores desenvolveram o hábito de cobrir o telhado com grama para aquecer os cômodos (e, cá entre nós, fica um charme!). E por falar nisso, ao invés de máquinas para aparar essa grama, ovelhas são colocadas em cima do telhado para esse “servicinho”.

|Drone

É permitido entrar com drone sem nenhuma burocracia. Não encontramos placas de “proibido voar com drone” em nenhum lugar.

Apenas lembre-se que Faroe Islands é um país frio o ano todo e a bateria do drone tende a durar menos tempo em condições mais frias. Tome cuidado com o vento!

Gjógv, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Gjógv, em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

|Quanto tempo ficar

Nós ficamos 4 noites, 5 dias, e foram muito bem aproveitados. Teríamos ficado mais? Teríamos. Gostaríamos de ter conhecido algumas ilhas onde só é possível chegar de barco ou ferry, como a Mykines, uma das mais famosas por conta das colônias de puffins e pássaros.

Uma curiosidade sobre Mykines: havia um tempo onde só uma família de 8 pessoas vivia nela e os pais mandavam os filhos para a escola diariamente de helicóptero. Acredite, essa é uma forma barata para viajar entre as ilhas.

|Onde se hospedar

Nossa casinha do Airbnb em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Nossa casinha do Airbnb em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Hotel é coisa rara e cara em Faroe Islands. Lembre-se que algumas ilhas têm no máximo 30 habitantes. Então a melhor opção é escolher um Airbnb.

Foi o que fizemos e recomendamos fortemente. Ficamos em uma casinha e nos sentimos como verdadeiros faroenses. Cozinhamos, assistimos um pouco de TV local e ainda pudemos ter vizinhos reais e compartilhar algumas experiências do dia a dia com eles. A dona da nossa casa vive praticamente no mesmo terreno, poucos metros de onde ficamos e se demonstrou extremamente solicita (como todos os outros faroenses que conversamos) e nos deu algumas dicas da região. Reserve aqui!

Se locomover por lá é fácil, então é possível ficar em uma cidade, sair durante o dia para conhecer outras regiões e voltar para a nossa hospedagem, sempre na mesma cidade. A nossa casa ficava em Tórshavn, na capital, muito bem localizada, com mercado perto e bastante próxima de uma das principais saídas para cair na estrada para outros destinos.

Não é permitido acampar em Faroe Islands e o clima e o vento impiedoso são as principais causas dessa proibição. Por isso, mais uma vez, é muito importante que você planeje todos esses pequenos “detalhes” alguns meses antes de embarcar para Faroe Islands.

|Como se locomover

Como falei anteriormente, se locomover por lá é muito fácil, considerando que o país é muito pequeno, com aproximadamente 970 km2.

O transporte público praticamente não existe, mas em Tórshavn ele é gratuito. Então alugue um carro e pegue assim que chegar no aeroporto, já que este é o único ponto de retirada e devolução de carros.

Além das principais ilhas serem interligadas por pontes e túneis, as distâncias são muito curtas. Para vocês terem uma noção, só existem 3 semáforos no arquipélago, todos na capital.

As estradas, nem preciso falar, são ótimas. Nada está fora do lugar e o visual é encantador. Algumas delas são mais afastadas e consequentemente não pavimentadas. Mas nenhuma delas pedium um carro 4×4.

Apesar disso, praticamente não têm placas de sinalização e, quanto tem, estão escritas em faroense. Isso dificulta um pouco quando você quer ir para lugares mais distantes.

Por isso, baixe o mapa offline. Ele te leva para (quase) todo lugar. Nos perdemos algumas poucas vezes e mesmo assim valeu a pena, já que fomos direcionados para lugares surreais.

Nosso carro em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Nosso carro em Faroe Islands (Foto: Trip To Follow)

Uma das atrações, se é que podemos chamar assim, são 3 túneis com apenas uma via de passagem. É preciso esperar em uma das baias da encosta respeitando a prioridade de cada faixa. Um deles não é iluminado, então é preciso usar o farol do carro.

Esse vídeo explicatico mostra como fazer para respeitar as regras para dirigir em Faroe Islands:

|Culinária

Em Faroe Islands se come muita carne e muita gordura para aguentar o frio. Um dos pratos típicos de lá é o “Räs”, carne de cordeiro que é pendurada ao ar livre para secar durante meses.

Já o “Skerpikjøtt” é carne de cordeiro podre fermentada no tempo e deve ser comida sem cozimento algum. Teria coragem?

Pode soar estranho, mas Faroe Islands já recebeu sua primeira estrela Michelin. O restaurante Koks, detentor desse prêmio, aperfeiçoaram o sabor “ræst” local, um tipo especial de fermentação, e servem pratos recheados de produtos locais, como o bacalhau com agrião, ou o cordeiro com cogumelos.

|Preços

Nós viajamos para Faaroe Islands em maio. Como lá não tem tão definido a alta e a baixa temporada, os preços não variam tanto.

O que mais pode variar são os preços da passagem do Brasil para a Islândia (não têm voos diretos, então você terá que passar por outro país antes de chegar em Reykjavík).

Essa passagem custa cerca de R$ 3500. A passagem da Islândia para Faroe Islands cusra cerca de R$ 1500.

Por lá, como falei, não tem muitas opções de hotéis. Dos poucos que tem, você não vai pagar menos de R$ 450 a diária para o casal. Escolhemos uma casa muito charmosa no Airbnb e pagamos R$ 370 por dia. Estávamos em 2, mas a casa tinha 2 quartos e, claro, ficaria mais barato se estivéssemos em 4 pessoas.

Carro é extremamente necessário e um pouco caro também. Pegamos no aeroporto no dia que chegamos e devolvemos no mesmo lugar no dia de ir embora. Para 5 dias gastamos R$ 2480. Alugamos pela 62°N Car Rental.

Prepare o bolso para mercados e restaurantes. Para você ter uma ideia de preço, um pacote de macarrão custa aproximadamente R$ 20, garrafa de 1 litro de água R$ 12 e chocolate R$ 16.

Iglus no caminho para Kvivik (Foto: Trip To Follow)

Iglus no caminho para Kvivik (Foto: Trip To Follow)

|Seguro Viagem e chip de celular

Alguns países exigem um Seguro Internacional, mas recomendamos que você tenha um mesmo para os destinos onde não existe a obrigatorieade.

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