Publicado em 24/07/2018 por Tati Sisti
Uma das cachoeiras mais bonitas, surreais e gostosas que conheci durante minha viagem para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, foi, sem dúvidas, a Cachoeira de Santa Bárbara. A cor dela é única e todo o esforço para chegar ao local vale a pena… Veja a matéria especial sobre o lugar e você vai entender o motivo!
Estava hospedada em Alto Paraíso (como já detalhei neste post: Paraíso dos Pândavas: refúgio zen na Chapada dos Veadeiros), então dediquei 100% de um dia para o passeio até lá. Já tinha ouvido falar muito bem da Cachoeira de Santa Bárbara, inclusive o fato dela ser a mais linda da região.
A Cachoeira de Santa Bárbara fica dentro da Comunidade Kalunga, 27 km distante de Cavalcante por meio de uma estrada de terra em condições bem ruins, infelizmente. Para aproveitar o dia inteiro, saia cedo de Alto Paraíso, já que é necessário percorrer 91 km de carro em estrada asfaltada antes de chegar em Cavalcante.
Após aproximadamente 118 km de carro, incluindo a estrada asfaltada e a de terra, fizemos uma uma pausa no mirante da Nova Aurora, já perto de Cavalcante. O visual é maravilhoso e, como só tínhamos nós por lá, aproveitamos para respirar esse ar puríssimo e ouvir o barulho da natureza.
Partimos e logo chegamos na Comunidade Kalunga. Fomos direto para o CAT – Centro Turístico montado dentro do Engenho II, local em que os turistas devem fechar o ‘pacote’ para conhecer a Cachoeira de Santa Bárbara. Importante destacar que não é permitida a entrada de nenhum turista ‘sozinho’. Todos que visitam o local obrigatoriamente devem ir acompanhados de um guia.
Prepare-se, você vai ter que desembolsar uma grana, já que esta é uma das cachoeiras mais caras da região. Logo que você chega na comunidade, é preciso contratar um guia que cobra um preço fixo de R$ 70 pelo grupo, que pode ser dividido em até no máximo 8 pessoas. Além disso, é preciso pagar mais R$ 20 por pessoa, equivalente ao ‘ticket’ de entrada no local, e mais R$ 10 por transporte – que explico a seguir.
Vá com dinheiro em espécie já eles não aceitam cartões. Além disso, espere mais um grupo de turistas chegar. O passeio compartilhado sai mais em conta.
Os valores são de fato ‘assustadores’ se comparados com o preço de outras cachoeiras da Chapada dos Veadeiros, que variam entre R$ 10 e R$ 30 como preço final. O mais triste é que, segundo nossa guia, esse dinheiro altíssimo não é investido em melhorias na estrada, por exemplo. Segundo ela, os moradores da Comunidade não sabem para onde esse montante vai.
Além disso, os guias não são instruídos devidamente para passar a informação correta ao grupo que acompanha. Eles dificilmente saberão responder qualquer pergunta que você fizer sobre a região e até mesmo sobre a cachoeira. Sad, but true.
Feito isso, você precisa decidir também se irá almoçar por ali. Se você decidir que sim, tem que abrir a carteira e desembolsar mais R$ 25. Como nós não tínhamos uma mochila muito recheada de guloseimas (fica aí outra dica: leve algo para tapear a fome), aceitamos. Assim, na volta da Cachoeira de Santa Bárbara, paramos em um restaurante bem simples e comemos a vontade.
Apesar do local não está preparado para receber a grande quantidade de turistas que se encontram por lá mais ou menos no mesmo horário (entre 15h e 16h) e o buffet não ter grandes quantidades disponíveis, o cardápio é atrativo: arroz, galinhada, feijão, farofa, entre outras.
Apesar de não ser um dos almoços mais baratos, esta é a média de preço da região e vale a pena. Depois do longo passeio, você certamente voltará faminto e terá que encarar a estrada de volta. É bom estar bem alimentado, certo?
Valores pagos, o guia – jovens da própria comunidade – entra no nosso carro particular e nos leva até o local onde podemos deixar o veículo. Andamos cerca de 3 km e paramos em um estacionamento improvisado onde uma Pajero estava nos esperando.
É nessa hora que entram aqueles R$ 10 de transporte, sendo R$ 5 para a ida e R$ 5 para o retorno. Como estava eu, mais 3 pessoas, o guia e o motorista, um ‘turista voluntário’ teve que ir acomodado no porta-malas. Rodamos mais cerca de 3 km, cruzamos rios e enfim fomos deixados para terminar o último quilômetro de trilha a pé, cerca de 20 minutos.
A paisagem do caminho é realmente muito bonita, com colinas cobertas com campos floridos, pedras e rio (sim, você terá que cruzá-lo duas vezes caminhando). A caminhada não é complicada, apenas tem paradas pontuais onde é necessário ir com calma, ajudar e pedir ajuda das pessoas que estão no seu grupo.
Não demorou muito para a trilha afunilar e ficar um pouco mais complicada, com pedras escorregadias, árvores invadindo o caminho e um pouco de tensão.
Mas tudo se acalma quando aparece uma pequena cachoeira, conhecida como Santa Barbarinha, que já valeria a pena todo esse esforço e dinheiro investido. Lá, água azul turquesa, barulho de água caindo e um poço pequeno, porém de tirar o fôlego. De cara pensei: “Meu Deus, que lugar maravilhoso!”… Mal sabia o que veria pela frente.
Mais alguns metros e lá estava ela! Trinta metros de queda e um poço – sem multidão de pessoas, ufa! – com o azul mais bonito que já vi na vida e a natureza abraçando essa maravilha. Não sei o que dizer, não consigo explicar o que os meus olhos viram, muito menos o que meu coração sentiu. É realmente uma energia impossível de descrever.
A paisagem parece uma pintura, uma cena do filme A Lagoa Azul, um sonho, o paraíso. Por isso, divida seu tempo para nadar (a água é muito gelada), apreciar a beleza e tirar fotos. Rendem muitas e de todos os ângulos.
Leve sua GoPro, a água clara é perfeita para selfies debaixo d’água. Aos curiosos, a cor da água é devido a grande quantidade de calcário e também por ter um poço com areia no fundo ao invés de pedras e terra.
Encontramos apenas mais um grupo de visitantes por lá e, por sorte, todos se respeitam na hora das fotos. Com certeza você vai conseguir o clique perfeito e sem ninguém de fundo.
Vá cedo! Essa dica é preciosa, principalmente se você está hospedado em São Jorge ou Alto Paraíso. O caminho de ida tem cerca de 118 km, aproximadamente 2h30 de viagem.
É preciso dedicar tempo para ir até lá, mas vale a pena cada km rodado e cada segundo passado. Além disso, você chegará na cachoeira na melhor hora do dia. A cachoeira de Santa Bárbara está em uma parte particularmente confinada do rio, assim você só terá sol incidindo por volta do meio dia.
Infelizmente não pegamos o céu aberto, mas dizem que a beleza e a cor da água são iguais, independente do dia ensolarado ou não.
A guia nos acompanhou no percurso todo e ficou lá, nos esperando até a hora que decidimos ir embora (querer eu não queria, mas infelizmente precisava, né?).
Ah! Logo que nos vendem esse “pacote com guia”, nos falam que é possível também visitar a cachoeira da Capivara. Mas a a fama de que os guias são “preguiçosos e inventam desculpas para não te levar nessa segunda” aconteceu com a gente. Segundo nossa guia, não daria tempo. Mas sabíamos que não era verdade, apenas resolvi não me estressar.
|Como chegar?
Saindo de Alto Paraíso, pegue a a BR-010 até Teresina de Goiás. Chegando nessa cidadezinha, acredite, procure o campinho de futebol (ou pergunte por ele, todos da região o conhecem) e entre à esquerda (GO-241). De lá, é uma reta só em estrada de terra até chegar na comunidade onde fica a Cachoeira de Santa Bárbara.
|Quanto custa?
Levando em consideração todos os custos acima, você vai desembolsar cerca de R$ 100 (por pessoa).
|Quando ir?
Qualquer época do ano é incrível. Na época das cheias, inicial e final do ano, fique atento às trombas d’água. Evite finais de semana e feriados, assim você terá uma cachoeira praticamente particular. Evite também ir em dias seguintes de chuva, assim você evita de pegar a água turva.